Eu sou TATU, e você? #3

Por Spartakus Santiago

"Há um ano, começaram a falar de gincana pra mim. Me falaram de equipes, de virotes, de QI, de BBB, de tatus e de gnomos, tudo ao mesmo tempo. E nada daquilo realmente significava algo pra mim. E um ano depois, tudo isso mudou. E como mudou.

Eu comecei a participar da gincana em 2009, pela TATU. Posso dizer que escolhi essa equipe por que fui bem recebido, me trataram com amizade e não com interesse e senti que estar naquela equipe era algo bom. Enfim, participei de passeatas, dancei nos desfiles, gritei muito na torcida das provas de quadra, fiquei a noite toda procurando fazer provas nos virotes e no final, comemorei a vitória, junto com outras dezenas de tatus. Mas aquilo pra mim era vago. Era divertido, sim, era muito bom comemorar e se sentir parte de uma equipe, mas mesmo assim a gincana ainda parecia algo que aconteceu e eu não entendi direito.

E então, veio 2010. E um belo dia, lá estava eu, na aula de Beto, quando vi duas meninas falando de TATU em pleno abril. Eu cheguei mais perto pra ouvir, graças à minha curiosidade. E essa ação mudou meu futuro e minha vida pra sempre. Era nada menos do que Laís Xavier, uma garota que tinha estudado comigo na alfabetização mas que eu nem tinha mais contato, e Maryana Dantas, uma menina muito gata da minha sala, mas que eu nunca me aproximei por falta de oportunidade. E então, começamos, nós três, a falar de TATU, a se empolgar com essa coisa de TATU, essa gincana que não tinha começado ainda mas que já tinha começado a gerar animação e expectativa dentro da gente.

Um mês depois, aqui estou eu. Spartakus Santiago, 16 anos, aluno do sistema. Aparentemente nada diferente, pelo menos por fora. Mas por dentro, algo mudou. Hoje eu me sinto útil, me sinto fazendo história, me sinto especial, dentro de uma família onde eu não me sinto um na multidão. Um mês, apenas, me transformou em amigo de infância de Laís e de Maryana. Um mês, apenas, me fez conhecer de verdade algumas das pessoas mais interessantes da minha vida: Teca, Olívia, Marcelinho, Andrezza, Johnny, Cabeça e tantos outros que eu não tinha tanta proximidade antes. Em menos de 30 dias, consegui vencer obstáculos e mágoas entre gente que eu não gostava, mas que fui forçado trabalhar junto por causa da TATU, o que fez o ódio e todos os outros problemas se dissiparem e se transformarem em amizade. Apenas 4 semanas, e esse pequeno período de tempo, graças à necessidade de chamar gente pra minha equipe e pras reuniões, acabou fazendo com que eu tivesse amizades verdadeiras com pessoas do primeiro ano que eu nem tinha coragem de falar antes. 720 horas, e todo o plano que eu tinha pra minha vida, todos os meus objetivos, todo o meu futuro mudou de rumo.

A cada dia que passa, eu sinto que fiz a escolha certa. A cada dia que passa, eu vejo um futuro bonito e que vou me orgulhar daqui a um ou dois anos. A cada problema que tenho que resolver, a cada pessoa que tenho que procurar argumentos pra falar da minha família, a cada imagem que faço no Photoshop, eu aprendo, eu ganho conhecimento, e sei que vou usar isso na minha vida no futuro. Hoje eu faço parte de uma família, eu faço parte de uma ideologia, e cada batida do meu coração hoje tem significado. Por que eu sei que sou importante, por que eu sei que eu estou na mesma causa que outras pessoas importantes, que lutamos por algo importante e no final, tudo isso importa muito.

Às vezes eu me pergunto, em voz alta: O que eu fui fazer na TATU? Tanto esforço, tanta força de vontade, tanta fé e tanto amor realmente valem a pena?

Valem. E você nota quando isso tudo vale a pena. Nota quando você e outras pessoas da sua equipe pensam em uma coisa, e semanas depois, tudo virou realidade. Nota quando você vê que com esforço, com vontade e com coragem, a gente consegue o que quer. Nota quando você se diverte, sai pra os reggaes com o povo da sua equipe, e vê que nada disso seria possível se a TATU não existisse. Nota quando você acorda no outro dia, cansado, mas sabe: Eu estou fazendo algo que realmente importa.

E por que importa?

Hoje me falaram que eu estou me importando com a coisa errada. Que eu devia estar me importando só com arraiá, que dá ponto, e não com gincana, que nem pontua nada.

Mas sabe por que eu me importo com gincana, com a TATU? Por que eu consigo nessa família coisas muito mais importantes que pontos, e até mesmo que conteúdos do colégio. Coisas que eu não vou usar no vestibular, e sim em toda a minha vida. Eu aprendo a ter a mente aberta, a valorizar a opinião dos outros. Eu aprendo a me organizar e a dividir meu tempo. Eu aprendo que a força de vontade, unida à organização e ao amor, podem tudo. Aprendi que existem coisas pelo que vale a pena lutar, por que você não luta sozinho. E acima de tudo, aprendi a acreditar. Acreditar numa vitória, acreditar na amizade, acreditar no meu próprio potencial e acreditar que não estou só numa equipe. Hoje faço parte de uma família.

Eu sou TATU, de coração. E você?


Spar"

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